
A instituição disponibiliza aos alunos uma série de recursos digitais, já programados dentro do material didático – Foto: SESI-RN
A Inteligência Artificial (IA) já faz parte da rotina dos alunos da Rede SESI de Educação no Rio Grande do Norte como uma ferramenta multidisciplinar. Desde 2024, o SESI-RN se tornou a única rede escolar do estado a incluir a disciplina como componente obrigatório no dia a dia escolar dos estudantes. A matéria integra o projeto pedagógico das unidades de Mossoró e São Gonçalo do Amarante, em uma abordagem que combina teoria, experimentação e projetos práticos.
O objetivo é conscientizar os alunos sobre o uso da IA de forma passiva e ensinar novas perspectivas de utilização, pontua o professor da Escola SESI em São Gonçalo do Amarante, Mateus Zeca. Ele conta que estimular a criatividade é uma das formas de introduzir o conteúdo em sala de aula, com o desenvolvimento de mapas mentais, cronograma de estudos personalizados, entre outras atividades.
A disciplina, de acordo com o educador, representa um marco na formação dos estudantes ao desenvolver “competências digitais, pensamento crítico e capacidade de resolver problemas complexos e habilidades essenciais para o mundo do trabalho e para as profissões do futuro”.
Mais do que entender conceitos tecnológicos, os alunos aprendem a usar a IA de forma ética, criativa e responsável, compreendendo seu impacto na sociedade e nas relações humanas, explica. “Então, já que eles já têm essa tendência de utilizar essa ferramenta, pensamos em incluí-la na grade e proporcionar o uso consciente dela”, disse.
É o que relata o estudante do 2º ano do ensino médio, Guilherme Massami. “O que eu costumo dizer é que a inteligência artificial não vai substituir o humano, porque a criatividade da gente é muito superior. Então, os professores vão trabalhar isso, de estimular os alunos a pensarem, a criarem”, disse
O estudante comenta ainda que o uso de tais ferramentas deve ser importante além da sala de aula, mas no mundo do trabalho. “Hoje a inteligência artificial é um contato tão bom, até no sentido profissional, porque a gente estuda os prompts para inteligência e não é somente o chat GPT, isso que eu costumo dizer”, destacou Massami.
A coordenadora de Educação do SESI-RN, Ana Karenine Medina, destaca que a inteligência artificial vem se consolidando como uma ferramenta essencial para a educação contemporânea. “Quando aliada ao processo de ensino e aprendizagem, ela amplia o potencial criativo e analítico dos estudantes, desenvolvendo competências e habilidades que o mercado de trabalho já exige”, destaca.
“No SESI-RN, entendemos que preparar os alunos para o futuro significa proporcionar vivências tecnológicas que os tornem mais autônomos, críticos e capazes de resolver problemas de forma inovadora”, afirmou Medina.
Além do ChatGPT
A introdução das ferramentas de IA tiveram início ainda na disciplina de Educação Tecnológica, ofertada aos alunos a partir do Ensino Fundamental. Nela, os professores introduziram as temáticas referentes às IAs generativas – aquelas que criam respostas ou imagens a partir de comandos, chamados de “prompts” – como forma de orientar os estudantes sobre o seu uso.
O professor explica que a disciplina de IA busca ensinar os alunos a criar shorts para redes sociais, programas de estudos personalizados, aplicativos e até curtas-metragens, utilizando ferramentas como ChatGPT, Gemini (da Google), Copilot (da Microsoft), HeyGen e Perplexity para otimizar o processo.
“Outra situação foi também criação de programa de estudos personalizados, e utilização de IA para criação de aplicativos. Demoramos mais tempo para realizar essa atividade, mas hoje temos um processo de otimização. Então, otimizou o processo de ensino-aprendizagem também com relação ao desenvolvimento de aplicativos e programação”, exemplificou. Ele comenta ainda que os alunos as usam como inteligência aumentada, e não como uma “bengala”, incentivando o uso consciente e produtivo das ferramentas.
Assim como os alunos, os professores passaram a enxergar a tecnologia como aliada em sala de aula, seja na produção de atividades personalizadas ou como forma de identificar o uso de IA nas atividades. “Incentivamos os professores a utilizarem e lembrarem que vivemos uma revolução no processo de ensino-aprendizagem. Então, eu não posso mais avaliar um aluno só uma prova”, disse Mateus Zeca.
Outras ferramentas
Para além da sala de aula, os educadores da instituição também utilizam plataformas educacionais baseadas em IA que personalizam o aprendizado e fortalecem o desempenho dos estudantes.
A Plataforma Letrus, por exemplo, analisa textos e oferece devolutivas automáticas, com objetivo de apoiar o desenvolvimento da escrita. A RED 1000 auxilia na produção de redações, enquanto a Lekto trabalha aspectos socioemocionais, promovendo o autoconhecimento e a gestão de emoções.
Além disso, neste ano, as unidades de São Gonçalo do Amarante e Mossoró foram reconhecidas como Microsoft Showcase School. O título é concedido a escolas que incorporam consistentemente ferramentas digitais ao currículo como Microsoft 365, Teams, OneNote, Minecraft Education, e incentivam metodologias ativas de aprendizagem e investem na formação de professores.
Recentemente, a Rede SESI alcançou o título de maior rede de escolas Showcase do mundo, concedido pela Microsoft, com 82 escolas reconhecidas em 18 estados e 1.658 educadores certificados como Microsoft Innovative Educator Expert (MIEE).
Por Líria Paz
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